César Brie, argentino radicado na Bolívia, dirige o Teatro de Los Andes, em Yotala. O grupo funciona e vive em uma fazenda e propõe uma mescla entre o agora e nossas origens andinas, precolombianas. Essas marcas estão na força, no vestuário, nos gestos, nos rostos, na relação com a terra e com a arte.
Reproduzo aqui a apresentação do grupo, com tradução apressada minha:
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"Fundamos o Teatro de los Andes em Agosto de 1991, na Bolívia.
Vivemos em Yotala, perto de Sucre, num Teatro-sítio onde preparamos nossas obras, as apresentamos, hospedamos nossos artistas, realizamos encontros e oficinas.
Nos propomos formar um ator-poeta no sentido etimológico do termo: fazedor, criador. O que cria e faz. Para isto realizamos um treinamento cotidiano, físico e vocal, e trabalhamos sobre formas de improvisação e composição.
Unimos em nossas obras as reflexões sobre o espaço cênico, sobre a arte do ator e a necessidade de contar historias, de recordar, de «voltar em si».
Nos propomos um teatro que podemos chamar do humor e da memória.
Somos profissionais no antigo sentido de professar nossas motivações, «confessa-las em público». E é a relação com o público que determina nosso fazer: tirar o teatro dos teatros e levá-lo onde estão as pessoas, a universidades, praças, bairros, povoados, lugares de trabalho, comunidades. Buscar um novo público para o teatro e criar um novo teatro para este público.
Nossa revista "El Tonto del Pueblo" é outro instrumento para este diálogo.
Queremos construir uma ponte entre a técnica teatral que possuímos -e que podemos definir ocidental- e as fontes culturais andinas que se expressam através da própria música, festas e rituais. O contato, o encontro e o diálogo são imprescindíveis para nosso trabalho cultural. Não o isolamento.
A mescla de raças, culturas, usos, as migrações, sempre criaram novas formas expressivas e musicais. Ainda que se tenham perdido coisas antigas, aquilo que surgiu do encontro, a mescla, é a forma com que o homem de hoje se expressa: filho de sua condição e experiências, com a memória aberta ao que foi e a mente projetada para adiante.
Este homem é o sujeito e objeto do nosso trabalho."
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Cena de La Ilíada, 2000, direção de César Brie
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